XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA leishmaniose visceral (LV) é uma doença parasitária característica de países em desenvolvimento, sendo considerada uma das doenças tropicais negligenciadas com letalidade potencial. O Brasil é responsável por mais de 90% dos casos reportados nas Américas. Este trabalho objetivou investigar os padrões espaciais da mortalidade de leishmaniose visceral no Brasil entre 2012 e 2019.
MétodosTrata-se de estudo ecológico com técnicas de análise espacial, tendo como unidades de análise os 5.570 municípios brasileiros. A população do estudo consistiu em todos os casos de leishmaniose visceral notificados entre 2012 e 2019. Os dados foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação evolução foi utilizada para definir os desfechos óbito e óbito associado. A taxa de mortalidade foi calculada em nível municipal e representadas em médias móveis trianuais através de mapas coropléticos. A análise espacial foi executada por meio dos testes de Moran global (I) e local (LISA – local indicators of spatial autocorrelation).
ResultadosEntre 2012 e 2019, a mortalidade por leishmaniose visceral apresentou-se dispersa no Brasil, com maior concentração nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, tendo uma taxa de mortalidade < 8,3 óbitos/100.000 habitantes na maior parte dos municípios. Houve dependência espacial em todos os triênios analisados (p<0,05). Entre 2012 e 2014, observaram-se aglomerados de alto risco em alguns estados nordestinos, como Bahia, Piauí, Maranhão e Pernambuco, além do Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Porém, nos triênios 2016-2018 e 2017-2019, foi perceptível uma mudança, a partir da qual ocorreu semelhança entre os aglomerados de alto risco entre o meio-norte do Nordeste e região Norte (Tocantins e Pará), além de manter o aumento no Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
ConclusãoOs achados desse estudo revelam que a distribuição da mortalidade por leishmaniose visceral não é aleatória, uma vez que foi constatada aglomeração de alto risco. Os clusters identificados coincidem com regiões de maior vulnerabilidade do país, em especial das regiões Norte e Nordeste. Portanto, políticas intersetoriais são necessárias para o controle da doença e redução de casos fatais no território brasileiro.