O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) constitui um importante impacto nos sistemas de saúde mundiais. O esquema tríplice da terapia antirretroviral demonstrou grande eficácia e se tornou referência no mundo, entretanto, a cada dia encontram-se novos casos de pacientes que não conseguem aderir ao plano terapêutico clássico, e por essa razão, a terapia dupla adquiriu destaque nos últimos anos. Contudo, ainda existem poucos dados brasileiros analisando o tratamento com terapias duplas na vida real. O objetivo do trabalho é avaliar a eficácia do uso da terapia dupla no tratamento do HIV e o perfil epidemiológico dos pacientes do Ambulatório de Infectologia do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória (HSCMV).

Trata-se de um estudo observacional, analítico e descritivo, entre agosto de 2022 e agosto de 2023. A amostra inicial foi selecionada a partir de uma listagem dos pacientes em tratamento de HIV do ambulatório de infectologia do HSCMV e seleção dos pacientes em terapia dupla. As informações foram colhidas dos prontuários e registradas em fichas de coleta de dados. Foram coletadas informações sobre o perfil epidemiológico como: sexo, idade, esquema pré terapia dupla, terapia dupla atual e o motivo da troca de terapêutica. A eficácia foi definida pela supressão da carga viral dessa dentro de um período de seis meses a um ano após o início do uso da medicação, com ausência de rebote.

Cento e vinte pacientes preencheram os critérios de inclusão no estudo e noventa e cinco permaneceram após os critérios de exclusão. 63 pacientes utilizavam a terapia dupla com DTG + DRV/r, 26 utilizavam DTG + 3TC enquanto apenas 6 pacientes estavam em uso de DRV + 3TC. Os esquemas terapêuticos prévios foram: ITRN + IP (37,9%); ITRN + ITRNN (35,8%); ITRN + II (22,15%); ITRN + IP + II (3,2%); IP + II (1,1%). O principal motivo para a troca da terapêutica se deu por toxicidade ao esquema tríplice, no qual a piora da função renal com o esquema anterior foi a principal causa descrita nos prontuários (37,6%). A idade média da amostra foi de 60,6 anos. A eficácia da terapia dupla foi alcançada em 87 pacientes (91,6%).

É possível constatar a alta eficácia da terapia dupla na supressão da carga viral, o que a torna uma alternativa apropriada aos casos com contraindicação ou não tolerantes ao esquema tríplice.