O regime de dose empírica de vancomicina recomendado geralmente não atinge o alvo terapêutico em pacientes sépticos em estado crítico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) contra as cepas mais comuns de Gram-positivos CIM> 1 mg/L podendo impactar o desfecho clínico desejado.
ObjetivoO objetivo do estudo foi comparar o regime empírico da vancomicina 1 g q12h com 1 g q8h com base na abordagem farmacocinética-farmacodinâmica (PK/PD) em pacientes queimados em terapia intensiva.
Material e métodosApós a aprovação ética e o termo de consentimento foi assinado pelos responsáveis de cada paciente incluído no estudo. Dez pacientes queimados 1F/9M, 25 anos, 78 kg, 29% da superfície total corporal queimada, SAPS3 63, lesão por inalação (8/10) com função renal preservada com indicação de antimicrobiano. A terapia do choque séptico iniciou com vancomicina, infusão de uma hora, no regime de 1 g q12h (Set 1); terapia dose ajustada os mesmos pacientes receberam 1 g q8h (Set 2). Após impregnação, duas amostras de sangue foram coletadas (4 mL /cada) na 3ª h do início da infusão e imediatamente antes da infusão subsequente. O monitoramento sérico do fármaco foi realizado por cromatografia líquida. Os parâmetros farmacocinéticos (PK) obtidos de pacientes queimados foram comparados com dados previamente descritos em voluntários sadios. A abordagem PK/PD foi realizada para avaliar se o alvo terapêutico foi atingido a partir do índice preditivo da efetividade da vancomicina dada pela razão da área sob a curva e a CIM do patógeno (ASC/CIM) para o alvo terapêutico considerado, ASC/CIM > 400.
ResultadosEvidenciou-se diferença significativa (p < 0,0002) entre a dose empírica e ajustada. O alvo terapêutico foi atingido após o regime de dose de 1 g q8g em 7/10 pacientes pela cobertura com erradicação de patógenos hospitalares até MIC 2 mg/L. O total de isolados gram-positivos foi estratificados em S. aureus (10/24), Staphylococus spp (9/24), Enterococcus faecalis (4/24) e Streptococcus spp (1/24) das culturas de sangue, fluidos e secreções.
ConclusãoOs níveis séricos de vancomicina mostraram-se reduzidos durante a terapia do choque séptico nos pacientes queimados, em função do aumento da depuração total corporal total e encurtamento da meia-vida biológica com impacto na efetividade da vancomicina. O resultado desejado foi alcançado pela terapia dose ajustada, com a cura clínica de 7/10 pacientes pela erradicação de patógenos Gram-positivos até CIM 2 mg/L.