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Vol. 27. Issue S1.
XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
(October 2023)
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XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
(October 2023)
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ALTA TAXA DE MORTALIDADE E FATORES ASSOCIADOS EM TRAVESTIS E MULHERES TRANS VIVENDO OU NÃO COM HIV NO RIO DE JANEIRO, BRASIL
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Flavia C. Serrão Lessaa,
Corresponding author
fslessa@gmail.com

Corresponding author.
, Emilia Moreira Jalila, Ricardo de Mattos Russo Rafaelb, Luciane de Souza Velasquec, Eduardo M. Peixotoc, Luiz R.S. Camachoa, Ronaldo I. Moreiraa, Monica Derricoa, Mario Sergio Pereiraa, Laylla Monteiroa, Valdilea G. Velosoa, Beatriz Grinsztejna, Sandra W. Cardosoa
a Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
b Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
c Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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Vol. 27. Issue S1

XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia

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Introdução

Travestis e mulheres trans (TMT) carregam uma carga desproporcional de resultados adversos à saúde, incluindo a infecção pelo HIV. No entanto, dados sobre mortalidade nesse grupo são escassos no Brasil. Esse estudo objetivou caracterizar as mortes ocorridas em uma coorte trans-específica e analisar fatores associados à mortalidade.

Métodos

Trata-se de análise transversal a partir dos dados de entrada de uma coorte prospectiva e das informações do sistema de mortalidade (SIM) por meio de linkage probabilístico. A coorte Transcendendo foi estabelecida em 2015 e inclui TMT vivendo com HIV (TMTVHIV) ou HIV-negativas com 18+ anos, do Rio de Janeiro, Brasil. Foi realizada análise de regressão logística para identificar fatores associados ao óbito na coorte.

Resultados

Entre 2015-2020, 537 TMT foram incluídas na coorte (56,4% TMTVHIV). A idade mediana foi 31 anos (intervalo interquartil [IIQ]:25-38), 69,6% se declararam Negras/Pardas, e 38,7% eram profissionais do sexo. Foram identificados 24 óbitos (4,5%), dos quais 20(83,3%) ocorreram entre TMTVHIV e 4[16,7%] entre TMT HIV-negativas. Entre as 20 TMTVHIV que foram a óbito, 14(70%) estavam em uso de terapia antirretroviral na entrada da coorte, e a contagem mediana do CD4+ nadir era 168 células/mm3 (IIQ:44-271). As causas de óbito nas TMT-VHIV foram infecções relacionadas ao HIV/AIDS (n = 11[55,0%]), seguidas de câncer (n = 4[20,0%] dos seguintes sítios: espaço retroperitoneal/peritônio [n = 1], pulmão/brônquio [n = 1], mama [n = 1] e ânus [n = 1]), causas externas (n = 2[10,0%]), causa desconhecida (n = 2[10,0%]) e enfisema pulmonar (n = 1[5,0%]). Entre as TMT HIV-negativas, as causas de morte foram: causa externa (n = 1[25,0%]), COVID-19 (n = 1[25,0%]), infarto agudo do miocárdio (n = 1[25,0%]) e sepse (n = 1[25,0%]). Além da idade (OR 1,07[IC95%:1,03-1,11, p = 0,001), tiveram maior chance de morte as TMT com moradia instável (OR 6,92[IC95%:2,45-18,79, p < 0,001), que reportaram trabalho sexual (OR 3,57[IC95%:1,40-10,03], p = 0,010) e que viviam com HIV (OR 3,46 [IC95%:1,23-12,43, p = 0,031).

Conclusões

TMT-VHIV tiveram uma chance aumentada de mortalidade. Além da idade, fatores relacionados à alta vulnerabilidade das TMT se associaram à maior chance de óbito. Nossos achados reforçam a necessidade de prevenção e cuidado com o HIV para considerar uma abordagem mais ampla de saúde, que aborde as desigualdades de saúde e suas causas entre as TMT no Brasil.

Palavras-chave:
HIV/AIDS Travestis Mulheres trans Mortalidade
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