XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA identificação da síndrome inflamatória de reconstituição imune associada à criptococose (C-SIRI) no transplante renal (TxR) é fundamental, pois ameaça a vida e exige imediata terapia imunomoduladora.
Relato de casoTransplantada renal há 4 anos, diabética, em uso de tacrolimo, micofenolato e prednisona. Evoluiu com quadro de cefaleia, zumbido, náuseas, vômitos e fraqueza por 2 meses, quando foram identificadas hemoculturas positivas para o Complexo Cryptococcus neoformans/gatti. Apresentava tomografia de tórax (TCT) com múltiplos nódulos esparsos bilateralmente e massa volumosa em lobo superior esquerdo, além de látex, tinta da China e cultura de líquor comprovando acometimento neurológico. Iniciou terapia com anfotericina B lipossomal 3 mg/kg/d, com boa evolução clínica. Duas semanas após início da terapia antifúngica, o micofenolato foi trocado por azatioprina 50 mg/d. Dez dias após a troca de imunossupressores (IS), a paciente evoluiu subitamente com febre, calafrios e piora da cefaleia e do padrão respiratório, necessitando de máscara de oxigênio não reinalante a 10 L/min. Houve grande exacerbação das lesões em TCT. Suspeitou-se de recrudescência da criptococose e a azatioprina foi suspensa. Contudo, no dia seguinte, foi prescrita dexametasona 4 mg, IV, de 6/6h, devido à forte suspeita de SIRI. Cerca de 48 horas após, a paciente apresentava-se eupneica em ar ambiente. A biópsia da massa pulmonar revelou apenas a presença de Cryptococcus spp e infiltrado inflamatório. A paciente evoluiu muito bem após terapia de consolidação com fluconazol e descalonamento da corticoterapia, encontrando-se em terapia de manutenção.
ComentáriosO presente caso enfatiza a necessidade do pronto diagnóstico e tratamento da C-SIRI no contexto do TxR. Suspeita-se que a troca de IS possa ter colaborado para seu desencadeamento.