A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é uma doença do sistema imunológico humano resultante da evolução da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). A baixa contagem de células CD4 é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças oportunistas, como a pneumocistose, infecção respiratória causada pelo fungo Pneumocystis jirovecii e responsável por grande parte das mortes em pacientes HIV positivos. A desnutrição é um marcador de mau prognóstico em indivíduos infectados pelo HIV e a causa mais comum de deficiência imunológica. Desta forma, a dietoterapia é fundamental na promoção da saúde desses indivíduos.

Paciente CRSB, sexo feminino, 46 anos e diagnóstico de SIDA e caquexia. Internou na enfermaria de doenças infecto-parasitárias de um hospital universitário, com queixas de perda ponderal de 14 kg, tosse produtiva e diarreia. Durante a internação, a paciente recebeu o diagnóstico de pneumocistose. Realizou-se avaliação antropométrica de acordo com os seguintes parâmetros: massa corporal, estatura, circunferência braquial (CB) e índice de massa corporal (IMC). Entretanto, não foi aferida a dobra cutânea triciptal, pois o adipômetro encontrava-se em manutenção. Os resultados obtidos foram de massa corporal de 30,9 kg, estatura 1,52 m, CB de 15,9 cm e IMC de 13,7 kg/m². Segundo os parâmetros, houve o diagnóstico nutricional de magreza de acordo com Organização Mundial de Saúde. Prescrito dieta via oral hipercalórica, hiperproteica, restrita em resíduos, fracionada em 6 refeições, com suplemento nutricional oral uma vez por dia. Após a estabilização do quadro diarreico, com o objetivo de atingir as metas nutricionais recomendadas e promover o restabelecimento do estado nutricional, a dieta foi ajustada para dieta normal com introdução de resíduos. A paciente seguiu em acompanhamento nutricional e auferiu um ganho total de quatro kg de massa corporal na internação.

No início da internação, a paciente não apresentou ganho de massa corporal, apesar da dieta atender às recomendações nutricionais e a estabilização do quadro diarreico. Visto isso, adicionou-se mais proteína e caloria a dieta, o que resultou na melhora do prognóstico nutricional. O presente caso evidencia a necessidade de dietas de alta densidade calórica e proteica que atendam à demanda metabólica aumentada desses pacientes, pois a SIDA e as infecções oportunistas impactam significativamente o estado nutricional desses indivíduos.