Este trabalho apresenta uma experiência exitosa desenvolvida em um Serviço de Assistência Especializada - SAE, voltado para o tratamento de pessoas que vivem com HIV/AIDS e HV, localizado no município de Abaetetuba/PA a 60 km de Belém. Abaetetuba concentra uma população urbana, ribeirinha e quilombola, estimada pelo IBGE para 2020, em 150.080 habitantes.
ObjetivoOferecer ações de educação em saúde para promover prevenção e intervenção a pacientes, familiares e acompanhantes, através de abordagem participativa e crítica, centrada no compartilhamento de informações e orientações contrapondo-se à simples transmissão de informação ou como desnuda Paulo Freire: à uma educação bancária (Freire, 2005).
MétodoA atividade ocorreu durante 8 meses, todas às quartas-feiras, com duração de 1h, antecedendo a consulta médica para os pacientes que realizam tratamento e acompanhamento no SAE. A atividade foi executada pela equipe multiprofissional (Psicóloga, Enfermeiros, Assistentes Sociais e Farmacêutico), que a partir da prática do aconselhamento coletivo do HIV/Aids/HV (Brasil, 2017) trabalhou temáticas de campanhas nacionais, discutindo direitos das pessoas que vivem com HIV/AIDS; prevenção ao suicídio; câncer de mama, do colo do útero e de próstata, combate à LGBTFobia, entre outros.
Resultados preliminaresA sala de espera como meio para realização das ações citadas se deu pelo fato de Abaetetuba apresentar geografia bastante complexa, constituída por área rural extensa e de difícil acesso (72 ilhas e 35 colônias rurais/quilombolas), sendo na sala de espera o espaço onde convergem pacientes da área urbana e rural do município. Como resultado, foi observado fortalecimento do vínculo entre os pacientes e familiares com a equipe multiprofissional do SAE, contribuindo para desconstrução da centralidade do vínculo com médico e farmacêutico; aumento na busca do serviço psicossocial pelos pacientes para orientações e intervenções; utilização de caixinha do desabado como possibilidade de busca ativa para falar de emoções e sentimentos difíceis de serem expressados pela oralidade, ampliando o espaço para demandas diversas.
ConclusãoO projeto proporcionou aos pacientes e seus familiares maior acesso a informações e orientações, através da diversificação de possibilidades de diálogo e atenção visando à resolução de seus problemas de saúde de forma integral, reconfigurando o momento de espera em um momento de prevenção, educação e intervenção em saúde.