O ambiente hospitalar atua como importante reservatório de microrganismos patogênicos e resistentes aos antimicrobianos, expondo pacientes ao risco de infecções, especialmente aqueles mais suscetíveis, como os que se encontram em Unidade de Terapia Intensiva e que sofreram grandes traumas como as queimaduras.
ObjetivoAvaliar a contaminação ambiental por microrganismos patogênicos e multirresistentes aos antimicrobianos e o quantitativo microbiano presente nas superfícies antes e após a desinfecção concorrente.
MétodoTrata-se de um estudo transversal e exploratório, realizado em um Hospital Universitário de grande porte no Paraná, que se propôs a investigar a contaminação do ambiente de uma unidade de terapia intensiva de queimados. Foram realizadas análises microbiológicas de unidades formadoras de colônias (UFC) e perfil de sensibilidade dos microrganismos aos antimicrobianos, a partir de swabs coletados nas superfícies da unidade do paciente, antes e após a desinfecção concorrente utilizando álcool a 70%. Culturas clínicas dos pacientes foram analisadas através do prontuário eletrônico e relacionadas ao perfil microbiológico da contaminação ambiental.
ResultadosForam analisadas seis unidades de pacientes, das quais quatro (66,6%) apresentaram microrganismos multirresistentes no momento pré-desinfecção. Também foi identificado um total de 840 UFC/cm2 em todo o setor. A cama foi a superfície que obteve maior contaminação na pré-desinfecção (50%), com prevalência do Acinetobacter baumannii Carbapenem Resistente (83,3%). Após a desinfecção, houve permanência de microrganismo multirresistente em apenas uma unidade do paciente (16,6%) e redução de 100% da contaminação das camas. Observou-se, também, uma redução de 80,5% no total de UFC. Em relação às amostras clínicas dos pacientes internados, três (50%) apresentaram a mesma espécie e perfil de resistência da amostra ambiental de seus respectivos leitos.
ConclusãoA efetiva desinfecção do ambiente hospitalar reduz a permanência e a sobrevivência dos microrganismos nas superfícies, visto que a desinfecção com álcool a 70% proporcionou uma redução significativa na contaminação ambiental por microrganismos patogênicos e multirresistentes, assim como no quantitativo microbiano das superfícies, inferindo-se desse modo, que houve a redução do risco de contaminação cruzada e que o processo de desinfecção colabora para o controle e prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde.