As infecções do trato urinário (ITU) são em sua maioria causadas por bactérias da ordem Enterobacterales, principalmente por Escherichia coli uropatogênica (UPEC). Esta linhagem apresenta fatores de virulência que a torna capaz de colonizar e infectar o trato urinário. Apesar da maioria dos quadros de ITU ser solucionado com terapia antimicrobiana, linhagens de UPEC resistentes aos antimicrobianos representam uma séria ameaça a saúde pública. Este trabalho teve por objetivo avaliar a prevalência de Escherichia coli em uroculturas, bem como seu perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos e os fenótipos de resistência.

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo que analisou uroculturas de paciente ambulatoriais e hospitalares, no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.

Das uroculturas analisadas, 858 foram positivas para bactérias, sendo a Escherichia coli a espécie predominante com 27,2% (n = 233) dos isolados. Das 858 uroculturas, 608 foram provenientes de pacientes hospitalizados, sendo 124 (20,4%) isolados de UPEC neste grupo e 250 foram de pacientes ambulatoriais, com 109 (43,6%) isolados de UPEC. Observou-se o seguinte perfil de resistência aos antimicrobianos das linhagens isoladas nas amostras hospitalares e ambulatoriais, respectivamente: 65% e 32% para Ampicilina, 56% e 26% para Amoxicilina + Ácido clavulânico, 50% e 26 % para Ciprofloxacino, 42% e 33% para Sulfazotrim, 38% e 20% para Cefepime, 17% e 8% para Gentamicina e 2,5% e 0,4% para ertapenem, Meropenem e Imipenem. Das linhagens de Escherichia coli resistentes aos beta-lactâmicos, 43 (18%) apresentaram fenótipos de resistência do tipo beta lactamase de espectro ampliado (ESBL) e 7 (3%) foram produtoras de carbapenemases.

Escherichia coli é a espécie mais isolada de uroculturas. UPEC apresentou taxas de resistência a todos os antimicrobianos testados, produzindo fenótipos do tipo ESBL e carbapenemase, principalmente em ambiente hospitalar.