A infecção por Acinetobacter baumannii resistente aos carbapenêmicos (CRAB) apresenta alta mortalidade e poucas opções terapêuticas. Este estudo teve como objetivo avaliar as características clínico-microbiológicas e fatores prognósticos de pacientes com diagnóstico de infecção por A. baumanni. tratados com doxiciclina oral.
MétodosUma coorte retrospectiva de pacientes hospitalizados com infecção por Acinetobacter spp. entre 2018-2020 recebendo pelo menos três dias de doxiciclina oral. Dados clínicos e microbiológicos foram avaliados, incluindo o desfecho e a caracterização molecular de A. baumannii. As concentrações inibitórias mínimas de doxiciclina foram avaliadas pelo método de diluição em caldo e time kill curve de doxiciclina para o clone mais frequente.
ResultadosCem pacientes foram incluídos com idade mediana de 51 anos. O principal local de infecção foi pulmonar (n = 62), seguido por tecidos moles e pele (n = 28). A. baumannii. resistente ao carbapenem foi encontrado em 94%. Os genes blaOXA-23 e blaOXA-51 foram amplificados em todos os isolados recuperados de A. baumannii (n = 44). A doxiciclina MIC50 e MIC90 foram de 1 ug/mL e 2 ug/mL, respectivamente. A taxa de mortalidade em 14 dias e 28 dias de acompanhamento foi de 9% e 14%, respectivamente. Os fatores prognósticos relacionados à morte no final do acompanhamento foram idade > 49 anos [85,7% vs. 46%, IC 95% 6,9 (1,4-32,6), P = 0,015] e hemodiálise [28,6% vs. 7%, CI 95% 5,33 (1,2-22,1), P = 0,021]. Conclusões: A taxa de mortalidade em 14 e 28 dias de acompanhamento em pacientes tratados com doxiciclina para A. baumannii foi de 9% e 14%, respectivamente. Estudos adicionais e maiores devem comparar a polimixina com a doxiciclina para entender melhor as diferenças entre essas opções terapêuticas. A partir deste estudo observacional retrospectivo, a doxiciclina parece ser uma opção possível para infecções CRAB.