Hepatites são doenças que afetam o fígado, sendo a Hepatite A uma das mais prevalentes, dentre aquelas de etiologia viral. É transmitida por via fecal-oral, através do contanto com alimentos e água contaminados. Justamente por esse mecanismo, o acesso desigual ao saneamento básico no país é um dos fatores preponderantes para sua continuidade, sendo a ausência de medidas educacionais de higiene um fator agravante. Propõe-se demonstrar a evolução epidemiológica de Hepatite A no país, associando-se ao acesso ao saneamento básico. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo e quantitativo, baseado em duas vertentes de dados: os provenientes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS), condizentes com notificação, letalidade e incidência de Hepatite A nos Estados do Brasil, de 2010 a 2020; e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de número de habitantes, por macrorregião, e índices de acesso ao saneamento básico: serviço de abastecimento de água por rede geral de administração e serviço de esgotamento sanitário por rede de coleta, em 2017, último levantamento realizado. Há uma tendência de redução da incidência de Hepatite A, com queda em todos os estados. Há destaque para a região norte, cuja taxa para cada 100.000 habitantes passou de 12,4 em 2010 para 0,3 em 2020, a maior queda entre as macrorregiões. Isso se deve possivelmente às ampliações, tanto da cobertura vacinal quanto dos serviços de saneamento básico. Em 2010, a maior incidência de hepatite A entre os estados foi no Amapá, de 37,20, sendo que o maior índice em 2020 também foi na região norte, em Roraima, sendo, no entanto, significativamente menor, de 1,30. No entanto, essa prevalência reflete os indicadores sociais, sendo a região norte a que possui menor índice de cidades com acesso tanto à água encanada (98,44%) quanto tratamento de esgoto (16,22%). Cabe ressaltar que, mesmo com incidência em decaída, a Hepatite A se mantém um acometimento grave, com maior índice de letalidade na região nordeste, de 6,11% dos casos. Portanto, evidencia-se a responsividade entre o acesso ao saneamento básico e a prevalência de Hepatite A, de transmissão fecal-oral. Além disso, essa é uma doença imunoprevinível, cuja vacina pertence ao calendário vacinal obrigatório. Assim, a associação de medidas governamentais de educação em saúde, com o aumento tanto da cobertura vacinal quanto das redes de esgoto e água encanada são cruciais para o controle dessa infecção.
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Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
ÁREA: HEPATITES VIRAISEP 088
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CORRELAÇÃO ENTRE HEPATITE A E ACESSO AO SANEAMENTO BÁSICO: UM LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO
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Beatriz Camargo Gazzi, Evelin Leonara Dias da Silva, Maria Stella Amorim da Costa Zöllner
Universidade de Taubaté (UNITAU), Taubaté, SP, Brasil
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