Em uma pandemia, espera-se que conhecimentos, atitudes e práticas influenciem intensamente o grau de adesão a medidas não farmacológicas, construídos a partir da qualidade das informações obtidas pela população, e desempenhando um papel importante na prevenção e controle da doença. No Brasil, durante a pandemia de COVID-19, observou-se grande influência de informações equivocadas e tecnicamente incorretas, chamadas “fake news”. Desse modo, o objetivo deste estudo foi avaliar conhecimentos, atitudes e práticas de brasileiros com relação à COVID-19, e os fatores sociodemográficos que os influenciam.
MétodosEstudo transversal através de um questionário online aplicado em amostra de conveniência, recrutada entre 16 e 26 de maio de 2020 por snowball sampling. O questionário (elaborado com base nos tópicos sugeridos em consulta prévia a uma amostra menor) consistia em duas sessões, a primeira coletando dados sociodemográficos, aspectos individuais e contato com COVID-19, e a segunda com 16 questões sobre COVID-19, abordando conhecimentos, atitudes e práticas, incluindo tópicos relacionados à fake news de grande circulação naquele momento. Todas as análises foram realizadas no STATA.
ResultadosA amostra era composta por 447 pacientes, 75% do sexo feminino, cuja mediana de idade era 34 (FIQ = 24-45) anos. Mais de metade dos participantes moravam na região Centro-Oeste. Aqueles que haviam completado o ensino superior superavam 50% da amostra, e menos de 2% não havia concluído o ensino médio. 41.36% da amostra era de estudantes ou profissionais da saúde. A porcentagem de acerto em cada questão do questionário variou entre 68% e 97%. A mediana de pontuação geral de 14 (FIQ = 13-15) em um total de 16, sendo maior entre aqueles com maior nível educacional (OR = 2.49, IC95 = 1.15-5.37), e entre os que estudavam ou trabalhavam na área da saúde (OR = 1.62, IC95 = 1.05-2.48).
ConclusãoO estudo avaliou o conhecimento sobre COVID-19 entre brasileiros, 2 meses após o primeiro caso de COVID-19 identificado no país. A mediana de pontuação foi alta, a partir do que se infere que a maioria dos participantes apresentava bom nível de conhecimento sobre a doença. Em consonância com outros estudos, aqueles com maior nível educacional e os que eram estudantes ou profissionais da área da saúde mostraram melhor desempenho. Acredita-se que isso seja devido à maior exposição a fontes de informações cientificamente acuradas, provindas de fontes confiáveis.