Entre os meses de março e maio de 2021, durante a “segunda onda” da pandemia de COVID-19, o Brasil acumulou mais de 200.000 óbitos pela doença. Nessa, a sobrevida varia profundamente conforme o país observado, sendo a letalidade global estimada em 0.15%, alcançando 39% quando observados apenas os casos associados à síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Assim, este estudo teve por objetivo avaliar a sobrevida de pacientes internados com SRAG por COVID-19, no Hospital Universitário de Brasília (HUB), no primeiro semestre de 2021, durante primeiro mês de internação.
MétodosCoorte clínica de pacientes com quadro de SRAG por COVID-19 com acompanhamento prospectivo por 30 dias a partir da data de internação no HUB, entre janeiro e junho de 2021. Coletou-se dados referentes ao desfecho (alta, óbito ou transferência), tempo de internação, comorbidades prévias e dados sociodemográficos. Utilizou-se o SPSS para descrição geral da amostra, cálculo das frequências dos desfechos e tempo para ocorrerem, elaboração das curvas de sobrevida pelo método Kaplan-Meier e análise variada dos fatores prognósticos pela regressão de Cox.
ResultadosA coorte foi composta por 194 pacientes, 62.37% do sexo masculino, e idade média de 59.57 (DP±16.11) anos. Nos primeiros 30 dias da internação, 60.31% tiveram alta, 18.56% evoluíram a óbito, 4.12% foram transferidos e 17.01% permaneceram internados. A mediana do tempo até o óbito foi de 15 (FIQ=10.5) dias e, até a alta, 10 (FIQ=9) dias. A probabilidade estimada de sobrevivência na coorte era 65.35%, diferenciando-se (p < 0.05) entre os menores de 60 anos (87.26%) e aqueles com 60 anos ou mais (52.06%), bem como entre os portadores de doença renal crônica (DRC) (45.49%) e aqueles sem essa condição (68.69%). O Hazard-ratio para óbito, associado à DRC e ajustada pela idade, foi 2.30 (IC95 1.07-4.89, p < 0.05).
ConclusãoO estudo revelou alta letalidade entre os pacientes internados com SRAG em um hospital de atenção terciária no primeiro semestre de 2021, quando houve a “segunda onda” da pandemia de COVID-19 no país. Em conformidade com outros estudos, a probabilidade de sobrevivência geral mostrou-se significativamente menor em indivíduos com 60 anos ou mais e naqueles com DRC, sendo atribuída à maior vulnerabilidade imunológica em idades avançadas e, no caso da DRC, à promoção de um ambiente pró-inflamatório, risco de infecções do trato superior e presença de outras comorbidades.