Ag. Financiadora: Recursos próprios
N°. Processo: Não se aplica
Data: 18/10/2018 ‐ Sala: TV 9 ‐ Horário: 10:37‐10:42 ‐ Forma de Apresentação: e‐pôster (pôster eletrônico)
Introdução: A GT é uma infecção parasitária que resulta da migração larvária do gênero Gnathostoma através de tecidos humanos. Em humanos é adquirida através do consumo de peixes de água doce ou de enguias cruas sob a forma de iguarias, como sushi, sashimi ou ceviche, ou consumo de água não potável. No Brasil foram relatados casos com ingesta de tucunaré. A maior incidência é observada no Japão e países do Sudeste da Ásai. A America do Sul também é considerada região endêmica. No Brasil o primeiro caso foi relatado em 2009.
Objetivo: Alertar a comunidade médico‐científica sobre doença emergente em nosso país.
Metodologia: Caso 1: masculino, 27 anos, procedente de Avaré, SP. Queixa: lesões eritematosas, migratórias e pruriginosas no abdome havia quatro meses. Início dos sintomas após ingestão de sashimi de Tucunaré durante pescaria no Rio Cristalino, centro‐oeste do país. Caso 2: masculino, 57 anos, procedente de São Paulo, SP Queixa: dores abdominais e lesões eritematosas migratórias em abdome com hemograma com eosinofilia (35%). Início dos sintomas após ingestão de tucunaré cru em pescaria no Rio Tocantins, norte do país. Ambos tratados empiricamente para GT com resolução clínica.
Discussão/conclusão: O quadro clínico costuma apresentar‐se três a quatro semanas após a ingestão da larva, ocorre aparecimento de uma área nodular, irregular, edemaciada, eritematosa em qualquer parte da pele, pode ser pruriginosa ou dolorosa, sem sintomas sistêmicos. O padrão migratório da lesão recorrente é a pista mais importante para o diagnóstico. Essa é sempre solitária e evidências da migração podem ser vistas nas áreas adjacentes. Múltiplos sítios podem ser acometidos, como caixa torácica, abdome e sistema nervoso central, o que pode gerar complicações clínicas graves. O diagnóstico deve ser aventado em paciente com lesão migratória da pele, consumo de peixe cru ou água não potável e histórico de visita a áreas endêmicas. A biópsia da pele pode permitir a visualização do parasita. A eosinofilia está presente em 50% a 70% dos casos. Testes sorológicos para o diagnóstico da GT incluem ensaio imunoenzimático (Elisa), western blot e sequenciamento de DNA ribossômico (rDNA), não disponíveis em nosso meio. A terapia atual da GT é feita com albendazol oral, 400g por 21 dias, com eficácia acima de 90%. A opção é uma dose única de ivermectina, 0,2g/kg, repetida após sete dias. Portanto, a infecção por GT deve ser considerada no nosso país, sobretudo pós‐ingestão de peixes crus de água doce, apesar da dificuldade diagnóstica.