A neurotuberculose é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis que afeta o sistema nervoso central. Esta condição apresenta várias formas de manifestação, como meningoencefalite, tuberculoma intracraniano, aracnoidite basal e mielite transversa, e é importante reconhecer os sinais e sintomas precocemente para garantir um tratamento adequado e reduzir as chances de complicações e sequelas. Este estudo descreve a situação da neurotuberculose no Brasil entre 2013 e 2022, considerando fatores como sexo, cor/etnia, faixa etária, regime de atendimento e taxa de mortalidade.

Os dados foram coletados na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), referentes ao período de 2013 a 2022, no campo “Epidemiológicas e Morbidade”. As variáveis foram incluídas e tabuladas em Microsoft Office Excel® e submetidas a análises descritivas, utilizando-se frequências e porcentagens.

Foram registrados 2.722 casos de neurotuberculose no Brasil durante esse período, com uma média de mortalidade de 11,2%. O ano de 2022 teve uma taxa de mortalidade (TM) de 16%. Dos casos registrados, 65,2% ocorreram em homens e 34,8% em mulheres, com TM de 11% e 11,5%, respectivamente. Em relação à cor/etnia, 30,7% dos pacientes eram brancos (TM = 9,2%), 6,2% eram pretos (TM = 13,7%), 40,5% eram pardos (TM = 11%), 1,5% eram amarelos (TM = 12%) e 0,5% eram indígenas (TM = 15,4%). Quanto à faixa etária, observa-se uma predominância de casos entre 20 e 59 anos, com um percentual de 70,9%; entretanto, a TM é maior em pacientes acima de 80 anos, com 28,1%.

No período estudado, a neurotuberculose afeta mais homens do que mulheres, embora a taxa de mortalidade tenha sido ligeiramente mais elevada entre as mulheres. Também é observado que pretos e pardos apresentaram uma taxa de mortalidade mais alta, ressaltando a importância de considerar fatores socioeconômicos e de acesso à saúde ao abordar a neurotuberculose. Quanto às faixas etárias, a taxa de mortalidade aumenta com a idade, sendo especialmente alta em pacientes com mais de 80 anos, chegando a quase 30%. Por fim, nota-se um aumento na taxa de mortalidade global em 2022, cujas causas precisam ser investigadas, podendo estar relacionadas a diagnóstico tardio, resistência a medicamentos, condições subjacentes (como imunossupressão), condição socioeconômica e acesso ao tratamento.