Journal Information
Vol. 27. Issue S1.
XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
(October 2023)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 27. Issue S1.
XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
(October 2023)
Full text access
DIPLOPIA COMO MANIFESTAÇÃO DE NEUROSSÍFILIS: RELATO DE CASO
Visits
239
Herbert José Fernandes
Corresponding author
herbert_fern@hotmail.com

Corresponding author.
, Iara Ana Pinto Borges, Lucas Drummond Portes Vasconcelos
Faculdade de Medicina de Barbacena, Barbacena, MG, Brasil
This item has received
Article information
Special issue
This article is part of special issue:
Vol. 27. Issue S1

XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia

More info
Introdução

A neurossífilis é o acometimento do sistema nervoso central (SNC) pelo Treponema palidum, pode ocorrer em qualquer estágio da doença, com taxa de invasão no SNC de até 40% na sífilis primária. A infecção pode ser assintomática ou apresentar-se através de tabes dorsalis, déficit focal ou quadro de goma com diagnóstico diferencial com tumores cerebrais ou medulares. Nas fases mais agudas, há envolvimento do líquido cefalorraquidiano (LCR), meninges e vasculaturas, enquanto na fase mais avançada há acometimento do parênquima cerebral e da medula espinal. O diagnóstico se faz através de punção liquórica, na qual será evidenciado sorologia positiva, pleocitose e hiperproteinorraquia. O tratamento é feito com a penicilina G cristalina, que é a única que penetra a barreira hematoencefálica.

Relato de caso

Paciente do sexo masculino, 33 anos, encaminhado pela neurologia ao ambulatório de infectologia, devido um quadro de diplopia de seis meses de evolução, com extensa investigação com tomografia de crânio, avaliação oftalmológica e sorologias. Histórico de diagnóstico de sífilis adquirida também há seis meses após realização de exame de VDRL com titulação de 1:32, no entanto sem tratamento em virtude de hipótese de cicatriz sorológica. Na avaliação apresentava-se sem anormalidades no exame físico. Realizados testes rápidos que somente foi positivo para sífilis. Foi iniciado tratamento para sífilis latente tardia com penicilina benzatina 7.200.000ui e coletado LCR que evidenciou proteínas 88 mg/dL; glicose 45mg/dL; leucócitos 4 mm3 (100% linfomononucleares) e VDRL 1:8. Encaminhado para internação em hospital de referência para uso de penicilina cristalina por 10 dias. Paciente evoluiu com melhora do quadro de diplopia e segue em acompanhamento ambulatorial.

Comentários

A diplopia é causada pelo comprometimento dos músculos extraoculares, frequentemente devido ao acometimento dos pares de nervos cranianos (III, IV e VI). O caráter inespecífico do quadro clínico pode dificultar a investigação e piorar o prognóstico. A análise do LCR indicando VDRL reativo em associação à pleocitose com predomínio de linfomononucleares e hiperproteinorraquia definiu o diagnóstico. A coinfecção com o HIV é frequente e por isso a realização do rastreio para infecções sexualmente transmissíveis é fundamental. Devido à possibilidade de evolução para quadros graves e irreversíveis, a neurossífilis deve ser considerada nos estágios iniciais da doença.

Palavras-chave:
Diplopia Neurossífilis Penicilina cristalina
Full text is only aviable in PDF
The Brazilian Journal of Infectious Diseases
Article options
Tools